Arnold Schoenberg (1874
-1951) – Pierrot Lunaire, op.21 – 1912
Num acontecimento singular, a
década de 1910 viu nascer aqueles que seriam as matrizes da
composição musical da primeira metade do século XX, ou mesmo matrizes de
todo um século, Debussy, Stravinsky e Schöenberg.
Fazer música nunca mais
seria a mesma coisa. Um novo elemento ganhava importância e marcaria a
própria idéia de música em todo o século XX: O
som.
Debussy compunha
com sonoridades, com sons, e não mais com notas musicais, Stravinsky usava
a orquestra como
uma máquina sonora e não mais como um amplificador do piano, e Schoenberg
tingia a voz humana do som instrumental levando-a para fora dos limites
da canção romântica.
Instigado por uma série de
poemas do surrealista Albert Giraud
traduzidos para o alemão por Otto Erich Hartleben, Schoenberg iniciou a composição
do seu Pierrot Lunaire; escrevia as pequenas peças que compunham o ciclo
de melodramas sem nenhuma revisão, nos intervalos que lhe restavam entre uma atividade
e outra. Algumas peças
foram escritas em uma só noite. No total, vinte e um melodramas, a maior
parte deles escritos entre março e maio de 1912.
A imagem de um Pierrot bêbado de lua, de uma lua ao mesmo tempo
clara, doente, cristalina e lembrando cruzes santas e sabres orientais,
trouxe a Schoenberg toda uma cadeia
de imagens sonoras que lhe permitiram tecer coloridos instrumentais
inusitados para um conjunto que se limitava em uma recitante e cinco
instrumentistas.
Cada uma das 21 peças é
composta para uma formação instrumental diferente.
Não é possível falar
de Pierrot sem falar do uso da voz.
A composição fora encomendada
por uma atriz, e os poemas deveriam ser recitados sobre um fundo musical.
E se para Stravinsky a voz muitas vezes encobria a grande riqueza da
escrita instrumental, nela reside
um dos grandes problemas composicionais aos quais Schoenberg se lançava.
A cantora tem à sua
disposição uma partitura que deve ser entoada mas não cantada. Na
tentativa de resolver o problema o próprio Schoenberg em 1949 ainda insistia
que “nenhum dos poemas deve ser cantado, devem sim ser falados sem alturas
fixas”. Isto o levaria a voltar diversas vezes à revisão de Pierrot, numa
delas transformando a partitura
do canto em uma linha simples recitada, sempre lembrando que se
havia alturas notadas na partitura original estas eram apenas para que o
recitante evitasse uma leitura reta, inexpressiva.
Pierrô Lunar três vezes
sete poema de Albert Giraud
recriação de Augusto de Campos
da versão alemã de Otto Erich Hartleben.
Escutem Glenn Gould ( 1932-1982)e Patricia Rideout ( 1931-2006) interpretando os poemas 1, 2 e 5
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